Quais doenças têm incidência aumentada nos casos de enchente?

Por Portal Opinião Pública 02/03/2023 - 10:49 hs
Foto: Divulgação

Mauá decretou estado de emergência na última semana, devido ao acúmulo excessivo de chuvas registrado em fevereiro. Até o momento já choveu 140% a mais do que o previsto pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) e pela Defesa Civil do Estado de São Paulo. Nesse período de fevereiro, o previsto era de 284 mm, e já chegamos à marca de 685 mm, causando deslizamentos no bairro do Jardim Zaíra. Além dos tristes acometimentos de famílias em risco iminente, vidas perdidas, prejuízos materiais, o que mais podemos esperar das enchentes? A contaminação por doenças. 

Quais doenças têm incidência aumentada nos casos de enchentes? 

São doenças de transmissão hídrica ( DTHA), como o próprio nome já diz, são doenças em que a água é o principal veículo de transmissão. As principais são: amebíase, giardíase, gastroenterite, febre tifoide e paratifoide, hepatite infecciosa (Hepatite A e E) e cólera.

Indiretamente, a água também está ligada à transmissão de verminoses, como esquistossomose, ascaridíase, teníase, oxiuríase e ancilostomíase.

Essas doenças são consideradas um problema de saúde pública e estão relacionadas ao meio ambiente, sendo que fatores como a deficiência do sistema de abastecimento de água tratada, a insuficiência de saneamento básico, o destino inadequado dos dejetos, a alta densidade populacional, as carências habitacionais (invasões) e a higiene inadequada, favorecem a instalação e rápida disseminação dessas doenças.

Principais doenças que se relacionam direta ou indiretamente com a água e as condições socioambientais.

Sabemos que existem diversas doenças transmitidas pela água e causadas por vírus, bactérias e parasitas.

É importante termos cuidado ao ingerir ou ter contato com água contaminada (propícia para parasitoses e doenças bacterianas), e evitar a água parada em recipientes (ambiente propício para a reprodução de mosquitos transmissores da dengue, chikungunya e zika).

A principal doença transmitida através da água no contexto atual das chuvas é a leptospirose (doença infecciosa febril aguda que resulta da exposição direta ou indireta à urina de animais - principalmente ratos - infectados pela bactéria Leptospira e sua penetração ocorre através da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de mucosas), que se contrai por contato direto com a água da enchente, da inundação e também com a lama úmida que fica após a inundação.

As medidas de prevenção estão relacionadas às condições básicas de higiene e hábitos de vida, portanto deve-se: A prevenção da leptospirose ocorre por meio de medidas como:

Obras de saneamento básico (drenagem de águas paradas suspeitas de contaminação, rede de coleta e abastecimento de água, construção e manutenção de galerias de esgoto e águas pluviais, coleta e tratamento de lixo e esgotos, desassoreamento, limpeza e canalização de córregos), melhorias nas habitações humanas e o controle de roedores.

Evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés).

A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptospiras e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservatório. Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2 xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos.

Controle de roedores - acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d'água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes, etc. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por técnicos devidamente capacitados.

Se você esteve em um episódio de enchente recentemente, procure seu médico para realização dos exames para identificar precocemente a doença em sua fase precoce.

FONTE: SESA e Ministério da Saúde

Luiz Marcelo Chiarotto Pierro

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